Alimentos disparam no primeiro trimestre, mas pressão deve diminuir - Módulo Rural
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Alimentos disparam no primeiro trimestre, mas pressão deve diminuir

Alimentos disparam no primeiro trimestre, mas pressão deve diminuir

Soja, milho e carnes caem de preço, mas hortifrútis, leite e café pressionam inflação.

Após um alívio na taxa de inflação no ano passado, os alimentos voltaram a pressionar os índices de preço neste primeiro trimestre. Para uma inflação geral próxima a 1,3%, a alimentação está com alta de 3% de janeiro a março, segundo dados ainda provisórios da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas).

Os alimentos, acompanhando o ritmo dos preços no campo, vinham com uma pressão muito grande até 2022. De 2019 a 2022, subiram 57%, bem acima dos 30% de inflação média.

Em 2023, os preços caíram no campo, e a pressão dos alimentos diminuiu. A alta acumulada no ano passado foi de 1,95%, abaixo dos 3,15% da inflação média.

A elevação dos alimentos está bastante concentrada e provocada, em boa parte, pelos efeitos do El Niño. Alguns produtos voltados para o consumo interno, como frutas, verduras e legumes, dão sinais de arrefecimento. Outros, no entanto, refletem o cenário internacional, que ainda é de demanda e pressão.

O arroz, um dos principais componentes da alimentação básica do consumidor brasileiro, é um caso típico. Com os preços em alta, o produtor ampliou a área de plantio, e a safra deverá ser maior neste ano.

Em período de colheita, os preços do cereal caem, no entanto, em ritmo menor do que se esperava, uma vez que a demanda externa é grande. Quebra de safras em alguns países e limitação de exportação em outros mantêm as cotações internacionais aquecidas, incentivando contratos de vendas externas.

A saca foi negociada no Rio Grande do Sul a R$ 127 nos meses de dezembro e de janeiro, pico da entressafra, mas, com a colheita em andamento, ainda está sendo comercializada a R$ 100, segundo o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada). A queda interna vai depender também dos preços internacionais.

O feijão, um produto com volume pequeno de exportação e de importação, depende mais da produção interna. Os preços estão favoráveis aos produtores, que deveriam aumentar o plantio, mas é uma cultura de custos elevados e muito suscetível a clima e doenças.

Soja e milho, as principais opções de cultivo dos agricultores, estão com preços sem reação em 2024. Esse cenário só vai mudar se a safra dos Estados Unidos, que ainda deve ser semeada, apresentar alguma perspectiva de quebra.

A soja deve superar o volume de 2023 nos Estados Unidos, e o milho não atinge o recorde do ano passado, mas os estoques americanos são maiores neste ano.

No Brasil, a soja teve pequena recuperação de preço em março, subindo para R$ 117 no Paraná, conforme cotação do Cepea. O valor, no entanto, é bem inferior aos R$ 155 de igual mês de 2023.

O milho, sem grandes perspectivas de reação no mercado interno, devido ao aumento de produção e de exportação da Argentina e dos Estados Unidos, mantém R$ 63 por saca na região de Campinas.

A manutenção dos preços da soja e do milho em patamares próximos aos do período pré-pandemia reduz custos para o setor de proteínas. As exportações aumentam, mas a queda dos preços no mercado internacional inibe correções internas.

A arroba de boi gordo registrou, no mês passado, o menor preço mensal desde setembro do ano passado, caindo para R$ 233. Mais abates, principalmente de fêmeas, e queda de 6% nos preços internacionais impediram uma recuperação interna. Em média, a carne bovina teve queda de 1,6% no mês passado para o consumidor.

O leite, com menor oferta interna, sobe no campo e respinga no consumidor. O Cepea registra o quarto mês seguido de elevação de preços no campo, e a Fipe apontou alta de 3,85% nos dados parciais de março.

O aumento dos preços do leite esbarra, no entanto, nas importações do Mercosul, bastante intensas no ano passado.

O café, após meses de ajustes de preços para baixo, voltou a subir forte neste ano. A alta ocorre principalmente no robusta, que vem atingindo preços históricos nos mercados interno e externo. Há uma forte demanda pelo produto brasileiro devido à dificuldade de países asiáticos, também produtores, em atender a demanda internacional.

A alta do café robusta puxa também a do arábica, que subiu para R$ 1.014 por saca, na média de março. A saca do café robusta encurta espaço em relação à do arábica, e a diferença agora é de apenas R$ 121.

Os preços dos hortifrútis, bastante afetados pelo El Niño, terminaram o primeiro trimestre com pressão menor, mas ainda há vários itens em alta.

A laranja, em plena entressafra, tem os maiores preços em 30 anos, e a cebola subiu 28% na terceira quadrissemana de março (últimos 30 dias até 23 deste mês, em relação aos 30 imediatamente anteriores), segundo a Fipe.

Legumes e verduras, após um período de forte alta, começam a apontar queda e devem impor menos pressão em abril.

Não há perspectiva de grandes pressões de preços vindas do campo nos próximos meses, desde que ocorram condições normais de clima. Com isso, os alimentos devem dar um alívio para o consumidor (Folha, 2/4/24)

Fonte: https://www.brasilagro.com.br/conteudo/alimentos-disparam-no-primeiro-trimestre-mas-pressao-deve-diminuir-.html